Tuvalu pode desaparecer: como a crise climática ameaça engolir um país inteiro

Tuvalu enfrenta o aumento do nível do mar e pode se tornar a primeira nação a sumir do mapa por causa da crise climática.

Wesley Baldom

9/18/20252 min read

No coração do Pacífico Sul, um conjunto de ilhas com cenários paradisíacos enfrenta uma ameaça existencial. Tuvalu, nação formada por nove ilhas e lar de cerca de 11 mil habitantes, pode ser um dos primeiros países do planeta a desaparecer do mapa em decorrência direta da crise climática.

A escalada do nível do mar

Estudos recentes da ONU mostram que o nível do mar na região do Pacífico aumentou 15 centímetros nos últimos 30 anos — quase o dobro do crescimento médio global. Apesar de contribuir com apenas 0,02% das emissões anuais de CO₂, Tuvalu sente de forma desproporcional os efeitos da poluição produzida por grandes economias.

Esse aumento do nível do mar acontece por dois processos combinados:

  • 🌡️ Expansão térmica: a água se expande à medida que se aquece, elevando o volume dos oceanos.

  • 🧊 Derretimento do gelo polar: temperaturas mais altas derretem calotas e geleiras, liberando ainda mais água no mar.

Segundo o IPCC, caso as emissões globais não sejam drasticamente reduzidas, o que está ocorrendo com Tuvalu pode se repetir em várias regiões costeiras do planeta nas próximas décadas.

Um apelo repetido à comunidade internacional

Tuvalu tenta há anos alertar o mundo para a gravidade da situação.
Em 2009, durante a COP 15, o negociador Ian Fry emocionou-se ao pedir aos países desenvolvidos compromissos firmes na redução das emissões.

Em 2021, o então ministro Simon Kofe ganhou destaque internacional ao discursar na COP 26 com água até os joelhos, no mar de Tuvalu, para simbolizar o avanço do oceano sobre as ilhas.

Mesmo assim, as metas climáticas globais continuam insuficientes. Diante do risco de perder seu território físico, o país passou a elaborar um plano inédito: transferir toda sua identidade nacional para o ambiente digital.

A ideia de uma nação virtual

O projeto pretende digitalizar documentos oficiais, registros históricos, mapas e até manifestações culturais, como danças tradicionais, para construir a primeira nação digital do mundo. A proposta busca garantir que, mesmo que as ilhas desapareçam fisicamente, a cultura e a memória do povo tuvaluense sobrevivam no mundo virtual.

“Nossa terra e nossa cultura são preciosas demais para desaparecer. Se não pudermos preservá-las no mundo físico, faremos isso no digital”, declarou Kofe ao anunciar o plano.

O destino da população

Diante da ameaça de submersão, Tuvalu firmou um acordo com a Austrália para receber cidadãos tuvaluenses como refugiados climáticos. Até meados de 2025, mais de um terço da população já havia solicitado esse tipo de visto, preparando-se para deixar as ilhas antes que se tornem inabitáveis.

A cientista Regina Rodrigues, do IPCC, alerta que Tuvalu é apenas o primeiro sinal de um problema que poderá atingir diversas áreas costeiras do planeta se a crise climática não for controlada.

Um aviso ao mundo inteiro

O atual ministro do Clima, Maina Talia, afirmou recentemente que combater o aquecimento global é uma responsabilidade moral das nações mais ricas, principais responsáveis pelas emissões.

Tuvalu pode se tornar o primeiro país do mundo a desaparecer devido às mudanças climáticas — e seu drama serve como um lembrete sombrio: o que acontece hoje nessas ilhas pode acontecer em muitas outras partes do planeta amanhã.