Trump ameaça emissoras de TV críticas e sugere retirada de licenças nos EUA
Ex-presidente afirma que redes de televisão dão “97% de cobertura negativa” e levanta possibilidade de cassação de licenças, gerando debate sobre censura e liberdade de imprensa.
Wesley Baldom
9/18/20252 min read


Durante uma conversa com jornalistas a bordo do Air Force One, o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que emissoras que oferecem cobertura predominantemente negativa sobre ele poderiam ter suas licenças de transmissão revisadas ou até mesmo suspensas.
Contexto da declaração
O comentário surge em meio a uma onda de críticas após a suspensão do programa de Jimmy Kimmel pela ABC. A decisão ocorreu após falas do apresentador sobre a reação de conservadores ao assassinato de Charlie Kirk, episódio que desencadeou acusações de censura com influência política.
Segundo Trump, ele conseguiu vencer as eleições mesmo com, segundo suas palavras, "97% de cobertura negativa" da imprensa. “As emissoras recebem uma licença para operar, mas só me dão publicidade ruim. Talvez seja o caso de rever se devem manter essa licença”, declarou.
Pressão regulatória
O presidente da Comissão Federal de Comunicações (FCC), Brendan Carr, indicado por Trump, já havia defendido a possibilidade de ação contra emissoras que, em sua visão, divulgassem conteúdos “distorcidos”. Embora a FCC não regule redes nacionais, Carr direcionou pressão a estações locais que retransmitem os programas.
Após as críticas, a Nexstar — um dos maiores grupos de afiliadas locais nos EUA — anunciou que deixaria de exibir o talk show de Kimmel, o que levou a ABC a suspender a atração por tempo indeterminado.
Reações e controvérsias
A comissária democrata da FCC, Anna Gomez, rebateu a iniciativa, afirmando que a agência não tem amparo legal ou constitucional para cassar licenças com base no conteúdo transmitido. “A Constituição impede que o governo use esse tipo de coerção contra a imprensa”, destacou durante um evento do Axios.
O ex-presidente Barack Obama também se posicionou, classificando a postura da administração Trump como uma forma de “coerção governamental” e um risco direto à Primeira Emenda da Constituição americana, que garante a liberdade de expressão.
Impacto indireto
Mesmo sem uma ação formal, especialistas apontam que a mera ameaça de intervenção já é capaz de influenciar decisões empresariais. O caso da suspensão de Kimmel ilustra como a pressão regulatória pode reverberar dentro das corporações de mídia, gerando efeitos imediatos e alimentando debates sobre liberdade de imprensa e censura política nos Estados Unidos.