Putin reconhece que mísseis russos derrubaram avião da Embraer no Cazaquistão, matando 38 pessoas. Líder promete indenização e diz que investigação continuará.
Ryan Davi
10/9/20252 min read


admite que mísseis russos derrubaram avião da Embraer no Cazaquistão e promete indenizar famílias
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, reconheceu publicamente nesta quinta-feira (9) que o avião da Embraer derrubado no Cazaquistão em dezembro de 2024 foi atingido por mísseis disparados pelas defesas aéreas russas. O acidente matou 38 pessoas e vinha sendo motivo de tensão diplomática entre Moscou, Baku e Astana.
A revelação foi feita durante um encontro oficial com o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, em Moscou. Segundo Putin, dois mísseis russos explodiram a poucos metros da aeronave, um Embraer 190 da companhia Azerbaijan Airlines, após drones ucranianos terem invadido o espaço aéreo da região.
“Os mísseis não atingiram o avião diretamente, mas detonaram próximos, talvez como medida de autodestruição. Os destroços provocaram os danos que levaram à queda”, afirmou Putin, acrescentando que os registros das caixas-pretas confirmam a sequência dos acontecimentos.
O líder russo disse ainda que o piloto acreditava ter colidido com um bando de pássaros, informação relatada aos controladores de voo antes da perda de contato.
Agradecimento e mudança de tom
O presidente do Azerbaijão, que havia criticado Moscou na época do acidente, agradeceu a Putin pela “transparência” e pelo acompanhamento pessoal da investigação. A fala do líder russo representa a primeira admissão oficial de responsabilidade desde o desastre.
Putin prometeu indenização às famílias das vítimas e uma avaliação legal completa sobre o episódio:
“É nosso dever garantir uma análise objetiva e identificar as verdadeiras causas. O governo russo fará tudo o que for necessário em termos de reparação e apoio”, declarou.
O que se sabe sobre o acidente
A aeronave havia partido de Baku, capital do Azerbaijão, com destino a Grozni, na Chechênia. Pouco antes da tragédia, os pilotos relataram problemas técnicos e pediram mudança de rota para pouso de emergência em Aktau, no Cazaquistão.
O relatório preliminar divulgado em fevereiro de 2025 pelo governo cazaque indicava que a queda foi causada por “objetos externos”, mas sem identificar sua origem. Fragmentos analisados apresentavam múltiplos danos perfurantes na cauda, asas e motores — sinais compatíveis com estilhaços de explosivos.
Participação brasileira na investigação
Como o modelo da aeronave era fabricado pela Embraer, o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira, participou da análise das caixas-pretas. O material foi enviado ao Brasil no início de janeiro e, após a extração dos dados, devolvido às autoridades do Cazaquistão, responsáveis pelo relatório final.
Até o momento, o conteúdo das gravações não foi divulgado, e o relatório conclusivo ainda não tem data para publicação.
Entenda o contexto
O acidente ocorreu em um momento de tensão militar entre Rússia e Ucrânia, com diversos ataques de drones sendo reportados próximos a fronteiras aliadas de Moscou. O reconhecimento de Putin reforça a suspeita de erro do sistema antiaéreo russo, levantada por especialistas logo após a tragédia.