Miguel Nicolelis alerta para riscos da Inteligência Artificial no funcionamento do cérebro humano

O neurocientista Miguel Nicolelis, um dos nomes mais respeitados da ciência brasileira, fez um discurso marcante no evento Despertar 2025

Wesley Baldom

9/22/20251 min read

O neurocientista Miguel Nicolelis, um dos nomes mais respeitados da ciência brasileira, fez um discurso marcante no evento Despertar 2025, realizado no último sábado (20). Durante sua fala, ele apresentou uma visão crítica sobre os avanços da Inteligência Artificial (IA), que classificou como “um dos maiores engodos já produzidos pela humanidade”.

“Nina”: nem inteligente, nem artificial

Nicolelis apresentou o conceito que vem desenvolvendo, batizado de Nina — sigla para “nem inteligente, nem artificial”. Segundo ele, os sistemas vendidos como inteligentes não possuem de fato raciocínio ou consciência. O que fazem é reproduzir padrões de dados, sem alcançar a complexidade da mente humana, fruto de milhões de anos de evolução.

O impacto sobre o cérebro humano

O neurocientista alertou para os riscos de dependência excessiva da IA em tarefas cotidianas. Para ele, delegar constantemente atividades cognitivas a sistemas digitais pode enfraquecer capacidades essenciais, como memória, concentração e raciocínio. “Ao terceirizarmos o pensamento, corremos o risco de atrofiar aquilo que nos tornou criadores de cultura e conhecimento”, afirmou.

A indústria por trás da tecnologia

Nicolelis também criticou o modelo de negócios que sustenta a IA. Ele destacou que grandes empresas lucram ao explorar dados pessoais e utilizar mão de obra barata para treinar algoritmos, tratando esse trabalho como “matéria-prima gratuita”. Além disso, lembrou que os próprios sistemas frequentemente geram respostas imprecisas ou falsas, fenômeno que chamou de “alucinação digital”.

Um chamado à reflexão

Encerrando sua fala, o pesquisador fez um apelo para que a sociedade resista à entrega acrítica de suas funções cognitivas e aprenda a enxergar os limites reais das máquinas. Para ele, é fundamental entender que, apesar da utilidade da tecnologia, ela não substitui a riqueza do pensamento humano.