Lucro do Itaú chega a R$ 34,5 bilhões em 2025, mas banco fecha agências e demite mais de 3 mil funcionários

O Itaú Unibanco registrou lucro líquido gerencial de R$ 34,5 bilhões entre janeiro e setembro de 2025, um crescimento de 13,1% em relação ao mesmo período do ano passado. No comparativo com o trimestre anterior, a alta foi de 3,2%, segundo balanço divulgado pelo banco nesta quarta-feira (5).

Apesar dos resultados financeiros expressivos, o número de funcionários e agências continuou em queda. Em setembro, o Itaú contava com 83.609 empregados no país, após fechar 3.254 postos de trabalho em 12 meses — sendo 2.166 apenas no último trimestre. No mesmo período, 287 agências físicas foram encerradas, mesmo com o aumento de 1,079 milhão de clientes, totalizando 100,2 milhões de contas.

⚠️ Sindicato critica cortes e cobra responsabilidade social

Para o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, o resultado bilionário contrasta com a política de demissões e precarização adotada pela instituição.

“O crescimento absurdo do Itaú é resultado do esforço dos bancários e das bancárias. Nada justifica a redução de postos de trabalho e o fechamento de agências”, afirmou Valeska Pincovai, diretora-executiva do sindicato e funcionária do Itaú.

A dirigente também criticou o uso da inteligência artificial (IA) como justificativa para cortes de pessoal.

“O banco deveria debater o avanço da tecnologia de forma responsável, buscando preservar empregos. Em setembro, mais de 1.100 trabalhadores foram demitidos sob a alegação de falta de produtividade. É um descaso com a responsabilidade social que o próprio Itaú prega nas campanhas”, disse.

📊 Receitas e indicadores financeiros

A receita com prestação de serviços e tarifas bancárias somou R$ 35,9 bilhões, queda de 2,3% em relação ao ano anterior. Já as despesas com pessoal, incluindo PLR (Participação nos Lucros e Resultados), cresceram 9,6%, totalizando R$ 25,2 bilhões. Ainda assim, as receitas cobrem 142,3% das despesas com pessoal.

“Só as tarifas cobradas dos clientes já seriam suficientes para pagar toda a folha de pagamento. Mesmo assim, o banco continua demitindo, sobrecarregando quem fica e piorando o atendimento”, destacou Valeska.

O Retorno sobre o Patrimônio Líquido (ROE) atingiu 23,9%, com alta de 0,6 ponto percentual em 12 meses — um dos maiores índices do setor bancário.

💵 Crédito e inadimplência

A carteira de crédito total do Itaú cresceu 6,4% em 12 meses, alcançando R$ 1,4 trilhão. As operações com pessoas físicas somaram R$ 456,4 bilhões, com destaque para:

• Crédito imobiliário: +15,2%

• Cartão de crédito: +6,7%

• Crédito pessoal: +3,8%

No segmento pessoa jurídica, a carteira de grandes empresas chegou a R$ 400,2 bilhões, alta de 9,4%, enquanto as micro, pequenas e médias empresas somaram R$ 258,9 bilhões, avanço de 7,5%.

A inadimplência acima de 90 dias permaneceu estável, em 1,9%, e as provisões para perdas (PDD) cresceram 15%, totalizando R$ 27,5 bilhões.

📈 Desempenho e desafios

Segundo o relatório do banco, o resultado positivo foi impulsionado pela margem financeira com clientes, que subiu 13,4%, acompanhando o maior volume de crédito e ganhos em capital de giro.

A área de serviços e seguros também teve crescimento de 5,3%, impulsionada pelo aumento nas emissões de cartões, administração de recursos e vendas de seguros.

Mesmo assim, o sindicato afirma que os lucros recordes não se refletem em melhores condições de trabalho nem em atendimento de qualidade à população.

“O Itaú cresce sobre o esforço de quem está nas agências e call centers. Enquanto anuncia lucros bilionários, corta pessoal e reduz a presença física, deixando os clientes com filas e atendimentos precários”, concluiu Valeska.