Horário de verão pode voltar? Entenda o que está em debate no governo
Após cinco anos fora de uso, o horário de verão voltou ao centro das discussões do governo federal.
Wesley Baldom
9/17/20252 min read


Após cinco anos fora de uso, o horário de verão voltou ao centro das discussões do governo federal. A ideia de adiantar os relógios em uma hora durante os meses mais quentes do ano está sendo reavaliada como forma de aliviar a pressão sobre o sistema elétrico brasileiro, diante do crescimento da demanda por energia e do risco de sobrecarga na rede.
Por que o horário de verão foi abolido
O Brasil deixou de adotar o horário de verão em 2019, durante o governo de Jair Bolsonaro. À época, estudos indicaram que a economia de energia proporcionada pela medida já não era significativa, principalmente por causa do aumento no uso de aparelhos de climatização, como ar-condicionado, que elevam o consumo durante as tardes quentes — justamente no período em que a medida buscava aliviar o sistema.
Por que a volta está sendo cogitada
A discussão ganhou força novamente após o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) divulgar, em setembro de 2024, uma nota técnica apontando que a retomada do horário de verão poderia reduzir a demanda máxima em até 2,9% no horário de pico.
Esse alívio representaria uma economia estimada de R$ 400 milhões entre outubro e fevereiro, além de diminuir a necessidade de acionar termelétricas — mais caras e poluentes — para suprir a demanda.
Segundo o Ministério de Minas e Energia (MME), a análise atual é mais complexa do que no passado, envolvendo fatores como:
nível de chuvas e reservatórios das hidrelétricas;
expansão de fontes renováveis (solar e eólica);
e a necessidade de reduzir a sobrecarga nos horários de pico.
Além dos aspectos técnicos e econômicos, há ainda o fator psicológico: muitas pessoas associam o horário de verão a dias mais longos e maior tempo para atividades de lazer, o que pode pesar no debate público e político.
O que mudaria na prática
Caso seja retomado, o horário de verão exigiria ajustes em diversos setores, como bolsas de valores, bancos e companhias aéreas, que teriam de adaptar seus cronogramas.
Embora traga potenciais benefícios para o sistema elétrico, a medida também gera impactos colaterais que precisam ser cuidadosamente avaliados para evitar que se torne um “remédio antigo para uma doença nova”.
Quando pode acontecer e quem decide
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, classificou a volta do horário de verão como uma “possibilidade real”, mas ressaltou que a decisão dependerá de uma análise detalhada dos impactos econômicos e sociais.
A palavra final caberá ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, com base nos relatórios técnicos elaborados pelo setor elétrico. Em 2024, o governo chegou a descartar a medida, mas sinalizou que segue avaliando a possibilidade para os próximos verões.
Por enquanto, não há decisão definitiva — apenas o sinal de que o horário de verão pode voltar, não apenas como uma estratégia para economizar energia, mas como parte da transição energética do país. Até lá, seguimos no horário “normal”, à espera da definição oficial.