Bong Joon-Ho revela os segredos de 'Mickey 17': Diretor fala sobre 'matar' Robert Pattinson inúmeras vezes no IGN Fan Fest 2025

O aclamado diretor de 'Parasita', Bong Joon-Ho, está prestes a levar o público a uma jornada intergaláctica ao lado de Robert Pattinson em sua nova e intrigante sátira de ficção científica

Wesley Baldom

3/3/20253 min read

Em Mickey 17, o renomado diretor e roteirista de Parasita, Bong Joon-Ho, nos leva a uma jornada futurista e intergaláctica, explorando a história do personagem-título interpretado por Robert Pattinson. Ou melhor, a história de pelo menos 17 versões do mesmo personagem. Isso porque Mickey é um clone.

Baseado no romance Mickey7 (2022), de Edward Ashton, o filme de ficção científica também conta com um elenco estelar, incluindo Naomi Ackie, Steven Yeun, Toni Collette e Mark Ruffalo. Pattinson vive Mickey, um trabalhador "dispensável" em uma missão espacial colonial. Sua função? Fazer todos os trabalhos perigosos e sujos que ninguém mais quer fazer – mesmo que isso signifique morrer repetidamente. E sim, ele morre com frequência.

Imagine a cena: um vírus alienígena mortal acaba com você. O que fazer? Simples, basta "imprimir" um novo Mickey! Tudo sob controle, certo?

Esse é o estilo característico de Bong Joon-Ho, que mistura ficção científica, sátira e comentário social com maestria. Ele tem uma habilidade única de encontrar humor no trágico e, às vezes, tragédia no humor. Em uma conversa recente, o diretor falou sobre Mickey 17 e como equilibra o engraçado com o perturbador.

“Há muito humor neste filme”, explica Bong (por meio de um tradutor), “mas ele não existe apenas para fazer o público rir. Acredito que o humor intensifica a tristeza, especialmente aquelas risadas amargas que misturam emoções complexas.”

Cenas como a de um Mickey ainda vivo sendo jogado em uma cova derretida enquanto agradece aos seus executores são ao mesmo tempo hilárias e perturbadoras. Mas, como já vimos em obras anteriores de Bong, como Parasita, Expresso do Amanhã e O Hospedeiro, há sempre mais do que apenas diversão superficial.

“Ao explorar temas sócio-políticos, o humor pode ser uma ferramenta poderosa para transmitir mensagens profundas”, continua o cineasta. “O público pode rir alto, mas depois se perguntar: ‘Era realmente engraçado?’ Isso gera reflexão. O humor carrega significados que vão além do óbvio.”

A ficção científica sempre foi um veículo para discutir questões do mundo real, disfarçando temas polêmicos em histórias de monstros, alienígenas e, neste caso, clones descartáveis. Quando perguntei a Bong sobre suas inspirações, ele evitou citar figuras específicas, mas destacou como o filme reflete turbulências políticas do passado e do presente.

Mickey 17 tem uma camada política clara”, diz ele. “A ficção científica permite mergulhar na sátira política de forma criativa. Através de uma história sobre o futuro, discutimos o passado. O personagem de Mark Ruffalo, Kenneth Marshall, é um líder colonial que lembra figuras políticas controversas que já vimos. Ele e sua esposa, Ylfa (Toni Collette), representam uma mistura de todas as más memórias que temos sobre políticos e ditadores.”

Bong também compartilhou suas influências no gênero, citando The Thing, de John Carpenter, e Alien, de Ridley Scott, como alguns de seus favoritos. Ele ainda mencionou um indie pouco conhecido chamado Infestation, sobre insetos gigantes, como uma de suas paixões.

Sobre o futuro da ficção científica, o diretor se mostra otimista: “Os mestres do gênero estão envelhecendo, e é emocionante ver novos talentos surgindo, como Alex Garland. Filmes como Alien: Romulus, de Fede Álvarez, mostram que há espaço para inovação. Adoraria ver mais filmes que exploram o gênero de forma tradicional, mas também aqueles que, como os meus, levam a ficção científica para territórios mais sujos e humanos.”

Prepare-se para uma ficção científica que mistura suor, risos e reflexões profundas. Mickey 17 chega aos cinemas em 7 de março.